quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Egito e a nova juventude do Oriente médio.


Quem acreditava que o "smart power" americano, financiador de desestabilziação de regimes anti-imperialistas, via treinamento de jovens, a partir de ONGs testas-de-ferro, para operar as novas redes sociais (twitter, facebook etc), seria um fator amedrontador de ofensiva dos EUA no mundo, caiu do cavalo com a revolução em curso no Egito.
Principal contendor das demandas das nações islâmicas no Oriente Médio, escudo de Isreal, o regime de Mubarak não tem mais como se segurar após 30 anos no poder e a oposição política é toda baseada nas idéias de soberania da região, embora com influência do fundamentalismo religioso, cuja expansão também tem origem, tanto na pobreza que os EUA permitem se abater nesses países, com seus governos títeres, como incentivado pelos estadunidenses para frear o nacionalismo árabe.
O ditador Mubarak (no melhor estilo "é um ditador, mas é nosso ditador") deixou como legado níveis astronômicos de desemprego e baixíssimos salários (40% da população vive com menos de 2 dólares/dia) e o resultado foi uma juventude em massa nas ruas, um milhão, ontem.
Ao contrário da contradição que muitos pretendem apontar, os jovens egípicios, maioria absoluta das manifestações, conseguiram criar um fluxo que levou a militância virtual intensa ao ativismo real. Uma juventude que quer oportunidades de emprego, mobilidade social, que tem a profunda identidade árabe-islâmica, pois esta é a principal identidade nacional dessa nações, como a Tunísia, que acabara de pôr abaixo outra ditadura pró-Washington, mas quer também o direito à diversidade, às novas tecnologias e liberdade, numa síntese geracional que tem tudo para colocar o mundo árabe num grande Renascimento de sua histórica importância política e cultural progressista. Esta ânsia de liberdade, expressa nessa nova síntese, nada tem a ver com assumir padrões ético-morais que favoreçam o consumo do "lixo ocidental", o que está, de fato, por trás das palavras americanas que falam em "democracia no Oriente Médio".

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