sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cronograma de atividades ainda sujeito a alterações e acréscimos

Atividade
Data/período

Reunião preparatória pesquisa de juventude
12/01/2011

Planejamento da executiva da JPT
Inicio de Fevereiro

Coneb e Bienal da UNE
14 a 23/01/2011

Campanha Reforma Política
Fechar com calendário do PT

Ciclo de debates (virtual) juventude e meio ambiente
Abril e Março

Seminários ou Colóquio preparatórios para o IV Congresso PT
Abril e Maio

Seminário de PPJ do FSP
Junho

CONUNE
Julho

Debates preparatórios – Congresso Nacional do PT
Julho e Agosto

Inicio das etapas municipais do CONJPT
Agosto

II Conferencia Nacional de Juventude
Setembro

Congresso Nacional do PT
14 a 16 de Setembro

Etapas Estaduais do CONJPT
Setembro/Outubro

CONJPT etapa Nacional
12 a 15/11/2011

Preparação da Jornada de formação
Ano todo

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O Desenvolvimento em pauta: 2ª Conferência de Juventude

As Nações Unidas comemoram o 12 de Agosto, como Dia Mundial da Juventude. Neste ano a data marcou o início do 2º Ano Internacional da Juventude, uma reedição do tema que foi calendário da ONU em 1985.

A contribuição brasileira ao calendário do Ano Internacional da Juventude foi marcada pelo Presidente Lula com a convocação da 2ª Conferência Nacional da Juventude para setembro de 2011.O anúncio foi recebido com entusiasmo, por sinalizar, ao menos, três compromissos do Governo Federal com a juventude.

No primeiro, afirmação da conferência como um espaço político privilegiado de interação dos jovens com o poder público, não somente do Governo Federal, e lugar por excelência da participação dos cidadãos na definição de diretrizes que orientarão as políticas de governo.

O segundo compromisso expresso é o do investimento político e orçamentário no tema, bem como o fortalecimento institucional da política de juventude.

O terceiro compromisso aponta para uma ampliação da importância do tema na agenda governamental, já que, por menos que isso, não haveria sentido em convocar os jovens a mobilizarem-se novamente ruma à sua Conferência Nacional. Estaremos no começo de um novo governo, momento mais que oportuno para que esses jovens mobilizados apresentem suas pautas.

Por essas razões, o foco da 2ª Conferência não deve ser somente um evento de promoção da participação juvenil, mas também um processo de construção de uma plataforma capaz de trazer resultados imediatos para vida de milhares de jovens.

A primeira edição, em 2008, contou a participação de 400 mil pessoas. Este sucesso deveu-se em grande parte a inovações metodológicas que foram posteriormente assimiladas por outras conferências nacionais. Com elementos metodológicos novos, como as “conferências livres”, a 1ª Conferência Nacional de Juventude chegou a todas as regiões do país, às favelas, às áreas rurais, aos presídios, aos quartéis, às comunidades tradicionais, e nenhuma temática relacionada aos direitos dos jovens passou sem ser discutida. O método foi capaz de garantir o debate, democrático e plural, e, de maneira transparente, facilitou as deliberações de grupos numericamente grandes. Um feito. Toda essa metodologia pode ser mantida e ampliada, melhorada no sentido de ampliar a participação real como, por exemplo, garantir que as conferências livres possam indicar seus delegados à Conferência Nacional.

Na 1ª edição, o lema foi Levante sua Bandeira! Significou um convite aos jovens para apresentarem suas demandas, afirmassem sua identidade e estabelecessem bandeiras comuns. Assim, foram definidas 22 prioridades, dessas apenas uma pode ser quantificada e incluída no rol das integralmente efetivada: a aprovação da PEC da Juventude.

Agora, na 2ª edição da Conferência seria bem-vinda uma mudança na pauta, buscando conquistas mais estratégicas e robustas, muito além do levantamento de demandas. É preciso ir além do levantamento de demandas.

Não se sugere, com isso, outro (e maior) equívoco, que seria supor a Conferência como um espaço de negociação de metas governamentais como, por exemplo, as que constam da proposta de Plano Nacional de Juventude. Tem-se que a negociação de metas num ambiente de alta mobilização de setores organizados, em geral, produz ambiente pouco favorável a acordos racionais, favorecendo a aposta em pautas consideradas “máximas” por este ou aquele setor. Logo, deliberações originadas num ambiente assim tornam-se inócuas, esvaziadas de conteúdo real e sem resultados práticos possíveis.

O que propomos, então? Pensar o país que desejamos vir a ser sob a perspectiva – utópica, inclusive – dos jovens de hoje. Na pauta estaria o desenvolvimento do Brasil na visão da atual geração de jovens. Pode parecer abstrato, mas os jovens têm interesse direto em discutir os rumos do desenvolvimento e o que herdarão desse processo futuro. Assim, o que estará em pauta não é mais a continuidade do que se conquistou até aqui, e sim que mudanças qualitativas serão implementadas no modo de vida das novas gerações.

Uma parte dessa discussão passa pela definição de novos direitos, ou seja, os que, por sua natureza, sejam exclusivos da fase da vida a que chamamos juventude. Certamente, alguns direitos “singulares” serão apontados, como o direito à autonomia pessoal, à experimentação, à redução da jornada de trabalho durante o tempo de estudo, à mobilidade urbana, ao financiamento público de atividades de fruição do tempo livre, dentre outros.

Implicarão, ao mesmo tempo, num desenho institucional mais perene das políticas de juventude. Ou seja, passam pela criação de um Sistema Nacional de Juventude, dotado de mecanismos estáveis de financiamento e que responsabilize os entes federativos pelo desempenho e resultado das políticas, estabelecendo formas de gestão coordenada entre União, estados e municípios. Essa formulação inédita sobre os direitos dos jovens contribuirá para a ampliação do alcance dos direitos fundamentais do cidadão e para o avanço da democracia.

Contudo, o temário e a pauta da 2ª Conferência devem ultrapassar, em muito, o que se convencionou chamar de “política específica”. Deve discutir questões estratégicas para o desenvolvimento do Brasil e essa discussão passa pela definição de reformas profundas nas estruturas do Estado e das principais instituições sociais. Nesse debate as novas gerações devem apresentar o que é necessário mudar na forma da sociedade se organizar (como a redução da jornada, reforma tributária, fim da herança, tarifa zero no transporte urbano, reforma urbana e reforma política) e quais novas institucionalidades devem ser criadas para sustentar as mudanças.

Por tudo isso, cremos que a 2ª Conferência Nacional de Juventude tem um papel central na próxima conjuntura: o de estabelecer os marcos de quais serão as contribuições dessa atual geração para aprofundar a democracia e a justiça no Brasil. Desta forma, criando laços de solidariedade entre as gerações e uma perspectiva de avanços democráticos.


Carlos Odas, Edson Pistori, José Ricardo Fonseca e Paulo Alexandre Passos

Livro de Michel Zaidan aborda as origens das leis trabalhistas no Brasil


Acaba se ser lançado Estado e Classe Operária no Brasil: Lutas Sociais nos Albores da República. De autoria do professor Michel Zaidan Filho, o livro é uma produção do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia (NEEPD) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Seu conteúdo é resultado de cinco anos de pesquisa em arquivos oficiais, privados e de instituições universitárias, sobre a origem da legislação social brasileira, durante os anos vinte, e da existência de um forte sindicalismo reformista no Rio de Janeiro. O estudo é feito a partir da “estranha” hegemonia da classe dominante e, sobretudo, de sua crise nos últimos anos da década de 1920.
O primeiro capítulo do livro trata da montagem dessa legislação, passando pela criação do Conselho Nacional do Trabalho, os projetos do Código do Trabalho, regulamentação da lei dos acidentes laborais, a lei de férias, a regulamentação do direito de greve e as primeiras experiências de conciliação e arbitragem em nosso país. Seu pano de fundo é a permanente crise de hegemonia da burguesia cafeeira e as tentativas intermitentes de cooptação da classe operária carioca.
O segundo capítulo traça a fisionomia da pequena-burguesia reformista da 1ª República, a partir da trajetória de líderes trabalhistas como Evaristo de Moraes, Joaquim Pimenta, Maurício de Lacerda, Alexandre Herculano e outros. Finalmente, o terceiro capítulo traz um retrato dos sindicatos “amarelos” do Rio de Janeiro e suas inúmeras articulações político-eleitorais com o governo federal.
Na introdução, há um balanço da historiografia do movimento operário e trabalhista brasileiro, apontando suas lacunas e omissões. O livro contém uma farta e bem informada bibliografia sobre o tema e a indicação de fontes primárias da pesquisa.
Confira abaixo a introdução do livro.
Estado e classe operária: uma introdução

Por Michel Zaidan Filho
Os estudos sobre o sindicalismo reformista (“amarelo”) e a elaboração de uma política social-trabalhista no Brasil, nas três primeiras décadas do século passado, são muito raros. Na maioria dos casos, procurou-se associar a história do movimento sindical e operário, antes de 1930, à atuação de militantes anarquistas ou anarcossindicalistas, numa inspiração que a pouco e pouco foi se revelando anticomunista. Daí, por exemplo, se vincular ao anarquismo a espontaneidade, o anticapitalismo e a independência de classe, numa fase já consagrada pela historiografia como a “fase heroica” do movimento operário e sindical brasileiro.
Aos olhos dessa historiografia, o panorama sindical da classe operária apresentar-se-ia sob a hegemonia da influência anarquista que, por sua vez, seria combatida durante toda a década de vinte pelo recrudescimento do aparelho repressivo de Estado e pelas orientações político-sindicais assumidas pelo Partido Comunista do Brasil [1].
Sem o embargo dessa arraigada tradição historiográfica, algumas pesquisas buscaram posteriormente apontar para a existência de outras correntes que haveriam se agitado no cenário social-trabalhista brasileiro, com o objetivo de organizar a classe operária e ajudá-la na conquista de suas reivindicações [2]. Contudo, além de se restringirem na prática às duas primeiras décadas do século passado, estes trabalhos pecaram tanto pelo viés economicista e societal, com que pretenderam explicar a existência daquelas correntes [3], como por manterem quase intacta a análise do Estado republicano, legada pela historiografia do anarquismo.
Procurando explicações puramente econômicas (determinações setoriais da economia) ou societais (origem e composição da mão de obra fabril) para a presença das correntes diferenciadas da organização sindical e conservando a mesma visão do Estado republicano (Estado oligárquico/hegemonia da burguesia cafeeira/tratamento policial dispensado à classe operária), os novos trabalhos avançaram muito pouco na determinação precisa do panorama sindical brasileiro, antes de 1930, e da forma de dominação burguesa vigente na Primeira República.
Interessado, também, no estudo das origens do reformismo social-trabalhista dos começos da República no Brasil, o nosso ponto de partida foi, contudo, bem outro: primeiro, discutimos as vicissitudes da via assumida pelo desenvolvimento do capitalismo no Brasil e a especificidade da forma de domínio burguês disso resultante, para, só então, empreendermos a análise da prática sindical e política das forças sociais em presença e elas várias correntes que atuaram no interior do movimento operário.
Neste sentido, procuramos inicialmente caracterizar a particularidade da transição capitalista no país, a partir do fim do século 19 (sua via reacionária, “prussiana”, de cima para baixo) e a forma de dominação burguesa daí resultante (Estado liberal-oligárquico), como sendo incapazes de suportarem a inserção da pequena burguesia urbana e das massas trabalhadoras no seio das instituições políticas.
Emerge dessa primeira constatação a nossa principal hipótese de trabalho: a fraqueza do sistema de alianças da burguesia brasileira. Fraqueza responsável pelas intermitentes manifestações de revolta da pequena burguesia civil e militar na cena republicana bem como pelos esparsos acenos dirigidos ao proletariado urbano por setores do aparelho de Estado, em certas conjunturas de crise na história da Primeira República.
O nosso intuito era o de buscar a regularidade de certas conexões que se estabelecem, em períodos de crise política, entre governo e sindicatos operários — sem excluir, é claro, a movimentação de outras forças sociais (a burguesia comercial e industrial, os anarquistas, os comunistas, os tenentes etc.) frente a estas conexões. Pois, é nossa convicção que a fragilidade do sistema de alianças da classe dominante como um todo tem muito a ver com as orientações reformistas da política republicana neste período, a par de mudanças que vão se processando no interior do movimento sindical urbano.
Nos anos 20, com o aprofundamento das vicissitudes políticas da República Velha, um projeto governamental de controle e cooptação da classe operária ganha realce, em parelhas com o avanço da orientação reformista entre as associações operárias do Rio de Janeiro.
A constatação, no entanto, da existência de tais indícios não significa atestar necessariamente a sua efetividade; porquanto a sua presença e viabilização ficaram muito a depender da sorte de cada conjuntura: deflagrados os movimentos conspiratórios, amainada a tempestade revolucionária, muda a disposição governamental e o sindicalismo sofre os reveses da mudança.
Mas o que importa destacar disso tudo é o isolamento de um conjunto de elementos que se atualizaria com todo vigor na década de 1930: crise de hegemonia, cooptação política das massas urbanas, legislação social-trabalhista, sindicalismo “populista” etc., revisando a legenda da hegemonia anarquista no movimento operário, bem como o tradicional diagnóstico da hegemonia da burguesia cafeeira na Primeira República brasileira.
Para isso, este trabalho se divide em três partes: um primeiro capítulo é dedicado a montagem do projeto de reformismo social-trabalhista, na terceira década do século passado, estudando os passos da criação da legislação social, seus autores, as agências encarregadas de cuidar dessa legislação, a interferência do governo, bem como as motivações conjunturais de sua criação.
Um segundo capítulo trata do perfil da pequena burguesia reformista da Primeira República, através da exemplaridade da trajetória de Joaquim Pimenta. E finalmente, um terceiro capítulo é destinado a oferecer um amplo panorama das associações operárias e sindicais de tendência reformista no Rio de Janeiro, seus principais líderes, suas relações com o governo, a polícia e os trabalhadores urbanos.
* Michel Zaidan Filho é professor da Universidade Federal de Pernambuco

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

7ª Bienal da UNE: de 18 a 23 de janeiro, no Rio


“Brasil no estandarte, o samba é meu combate”
Nesta 7ª edição, a UNE privilegia o tema "samba" como elemento icônico da brasilidade, buscando, para além da sua história musical, entender como se apresenta nas dimensões sociais, críticas e estéticas da nação. Participe!

Faça aqui a sua inscrição online para a 7ª Bienal e o 13º CONEB

Valor integral de cada evento (7ª Bienal e 13º CONEB) – R$ 100
Inscrição até 17/12 - R$ 30,00 para cada evento
Inscrição de 18/12 a 31/12 - R$ 40,00 para cada evento
Inscrição de 01/01 a 13/01 - R$ 50,00 para cada evento

* Após o dia 13/01/2011 as inscrições só poderão ser feitas pessoalmente no local.
** Basta selecionar o valor integral de cada evento que automaticamente será gerado um boleto já calculado o desconto de acordo com as datas acima

Clique nos links abaixo e leia o que já foi publicado sobre o tema e a Bienal:

22/12/2010 - 7ª Bienal divulga trabalhos selecionados para mostras artísticas
18/12/2010 - Pré-Bienal ocupa o CUCA-SP com sarau e intervenções
16/12/2010 - Estudantes do CE fazem o famoso "pedágio" para as atividades da UNE, no próximo verão
13/12/2010 - Martinho da Vila confirma participação na 7ª Bienal
13/12/2010 - Bienal da UNE: histórias além de sete capítulos
13/12/2010 - Beth Carvalho será a grande homenageada da 7ª Bienal
13/12/2010 - 7ª Bienal da UNE: um bem-vindo choque térmico, geográfico e cultural
08/12/2010 - Música popular regional esquenta a pré-bienal do Amazonas
07/12/2010 - Samba e arte urbana marcam a pré-Bienal no Maranhão
06/12/2010 - Pré-Bienal na UERJ debate livro Pandemonium, de Zeca Fonseca
06/12/2010 - Faça aqui a sua inscrição para a 7ª Bienal da UNE e o 13º CONEB
03/12/2010 - Bienal da UNE: histórias além de sete capítulos
02/12/2010 - Pré-Bienal da UNE em Sobral no Ceará: "a procura da batida perfeita"
01/12/2010 - Agreste alagoano recebe Pré-Bienal com 17 horas de cultura sem parar
01/12/2010 - Bienal prorroga inscrições de trabalhos. Saiba também como participar do 13º CONEB
01/12/2010 - Museu da República será um dos espaços da 7ª Bienal da UNE
01/12/2010 - Com a nostalgia do samba, Estudantenet relembra 30 anos sem Cartola e 100 anos do nascimento de Noel

30/11/2010 - De norte a sul, Dia Nacional do Samba esquenta o clima para a 7ª Bienal
30/11/2010 - Pré-Bienal na UFMA com muito samba no pé

30/11/2010 - 7ª Bienal da UNE prorroga prazo para inscrições de trabalhos
29/11/2010 - 7ª Bienal da UNE: Piauí e Amazonas preparados para por o pé na estrada
29/11/2010 - Dia Nacional do Samba no Rio: o trem vai partir!
29/11/2010 - Pré-Bienal no Ceará movimenta UFC com aula show e maracatu
26/11/2010 - Pré-bienal da Bahia: DCE da UFBA promove nesta sexta Festival de Arte e Cultura
26/11/2010 - Esquentando os tamborins: Instituto Brasilidades de Porto Alegre comemora dia do samba
24/11/2010 - Pré-Bienal na UERJ debate livro Pandemonium, de Zeca Fonseca
24/11/2010 - Estudantes da UFPI realizam atividades para divulgar a 7ª Bienal
22/11/2010 - No Rio, Faculdade Hélio Alonso abre as portas para a 7ª Bienal da UNE
19/11/2010 - 7ª Bienal da UNE: Leci Brandão relembra manifestação cultural da década de 60
18/11/2010 - Pré-Bienal agita Amapá com programação em cinco pólos culturais
18/11/2010 - Sambistas fazem homenagem a seu Nenê na Câmara de SP
17/11/2010 - 7ª Bienal da UNE nas palavras de Gilberto Gil
17/11/2010 - 7ª Bienal da UNE terá aquecimento na Faculdade Hélio Alonso, no Rio de Janeiro
17/11/2010 - CUCA Campina Grande prepara pré-Bienal com espetáculo de teatro
17/11/2010 - UNE lança identidade visual da 7ª Bienal
16/11/2010 - 7ª Bienal da UNE inicia série de grandes eventos no Rio de Janeiro
12/11/2010 - 7ª Bienal da UNE vai encontrar a Lapa de cara nova
12/11/2010 - Bienal da UNE: Brasília entra no ritmo
10/11/2010 - Leia o Regulamento das mostras artísticas e científica da 7ª Bienal da UNE
10/11/2010 - 7ª Bienal da UNE continua com inscrições abertas para as mostras artísticas e científica
28/10/2010 - Leia o manifesto da 7ª Bienal da UNE: “Brasil no estandarte, o samba é meu combate”



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UNE lança pedra fundamental da nova sede nesta segunda, dia 20


Os estudantes voltam definitivamente para o local chamado “a casa do poder jovem”. Uma homenagem também aos ex-presidentes das entidades e lideranças estudantis para celebrar a conquista de gerações

Na próxima segunda-feira, dia 20 de dezembro, às 16h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o terreno da antiga sede da UNE e da UBES, na Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro. Ele estará acompanhado do governador do Rio Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes. O espaço abrigou o prédio das entidades estudantis até 1964, quando foi invadido e incendiado pela ditadura, sendo posteriormente derrubado. Em 2007, os estudantes recuperaram o terreno.

Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes participarão do ato de lançamento da pedra fundamental que dará início à construção do novo prédio da UNE e da UBES. “É uma data especial para os estudantes brasileiros. Esperamos muito tempo para podermos colocar de pé novamente essa que já foi chamada de ‘a casa do poder jovem’ e a ‘casa da resistência democrática’”, explica o presidente da UNE, Augusto Chagas.

“A reconstrução da sede, no Rio de Janeiro, nada mais é, do que uma reparação histórica do que foi feito com as entidades estudantis nos tempos da ditadura. Nada mais correto do que o Estado brasileiro, na imagem do presidente Lula, na segunda-feira, devolver às entidades esse espaço de debate e de construção da democracia”, pontua o presidente da UBES, Yann Evanovick.

No dia 21 de junho deste ano, a lei 12.260, aprovada por unanimidade no Congresso Nacional, reconheceu a responsabilidade do Estado Brasileiro pelo incêndio e demolição da antiga sede.

Praia do Flamengo, 132

O prédio foi doado aos estudantes em 1942, pelo então presidente Getúlio Vargas. Até o golpe de 1964, o endereço foi palco de importantes lutas nacionais como a campanha “O Petróleo é Nosso”, que precedeu a criação da Petrobrás. Foi lá também que, nos anos 60, Vianinha, Ferreira Gullar, Cacá Diegues, junto de outros artistas e intelectuais, fundaram o CPC da UNE, referência para o movimento cultural estudantil. O prédio foi demolido pela ditadura na década de 80 e, mais tarde, o terreno foi invadido por um estacionamento clandestino.

A entidade recuperou sua casa no dia 1º de fevereiro de 2007, após manifestação histórica pelas ruas da capital carioca, quando milhares de jovens de todas as regiões do país chegaram ao local, derrubaram o portão e armaram um acampamento por alguns meses. O acampamento recebeu a visita de personalidades da política, cultura e outros conhecidos e anônimos que declararam apoio à campanha “UNE de volta para casa”. Posteriormente, os estudantes conseguiram reaver a posse do terreno na justiça e depois a aprovação do projeto de lei da reconstrução.

Oscar Niemeyer assina

A nova sede da UNE já vem marcada pelos traços de um dos maiores arquitetos do mundo. O carioca Oscar Niemeyer presenteou a entidade com o projeto de um Centro Cultural. O prédio esboçado por suas mãos terá 13 andares e nele serão construídos o Museu da Memória do Movimento Estudantil e o teatro dos estudantes.

Painel homenegeará Honestino Guimarães

No lançamento da pedra fundamental da construção da nova sede, uma homenagem a todos que lutaram contra a ditadura militar será erguida na entrada. Para representar todos esses jovens, homens e mulheres que se entregaram na luta pela democracia brasileira, será inaugurado um enorme painel do herói Honestino Guimarães, estudante e ex-presidente da UNE, desaparecido político até dos dias de hoje. Honestino foi quem segurou a entidade no período mais difícil do regime de exceção, após a instauração do Ato Institucional número 5 (1968), época de perseguições, torturas e mortes de muitos jovens. O painel mostra uma conhecida foto de Honestino, registrada no livro “O Poder Jovem” de Arthur Poerner.

Exposição Memória do Movimento Estudantil

Para celebrar o início das obras, haverá também a reedição da Exposição “Memória do Movimento Estudantil”. Estarão expostos no terreno painéis que contam a história da mobilização de universitários e secundaristas, desde a criação do Conselho Nacional de Estudantes, em 1937, até hoje.

Os banners, com mais de dois metros de altura, estão dispostas numa espécie de “linha do tempo”, com registros de fatos importantes da história do Brasil. São momentos marcantes que mostram a participação dos estudantes em campanhas como “O Petróleo é Nosso”, da década de 50; na luta contra o regime militar, durante os anos 60; e no levante dos caras pintadas durante o “Fora Collor”, em 1992.

A exposição integra o Projeto Memória do Movimento Estudantil, realizado em parceria com a Petrobrás, o Museu da República e a Fundação Roberto Marinho. Ainda estão previstos para este ano o lançamento de um livro e dois documentários para completar o registro do acervo.

Da Redação da UNE

Serviço:

* Lançamento da Pedra Fundamental da Sede da UNE
Data: 20/12/2010 às 16h
Local: Praia do Flamengo, 132, Rio de Janeiro
**CREDENCIAMENTO DA IMPRENSA
Os órgãos de imprensa interessados na cobertura do evento devem solicitar o credenciamento de seus profissionais até as 16 horas do dia 17 de dezembro de 2010, IMPRETERIVELMENTE.

Consultas podem ser feitas pelo site: http://www.imprensa.planalto.gov.br/exec/inf_avisoviagens.cfm

Gabriel Medina: é hora de ocupar as ruas e transformar sonhos em realidade


Irrequieto Gabriel Medina conserva um jeito impaciente característico das grandes cidades. Quando o assunto requer atenção exclusiva ele redobra a concentração: ouve, assume um ar sério, para logo depois retomar a expressão tranquila e o sorriso fácil. Aos 28 anos este psicólogo paulistano com sorriso de menino assume uma das atividades mais expressivas do movimento juvenil brasileiro: a presidência do Conselho Nacional de Juventude, o Conjuve.

Natural de Araraquara, interior de São Paulo, Medina cursou Psicologia na Universidade São Marcos, onde se formou em 2005. No currículo os dez anos de militância no movimento juvenil refletem a sua inquietude: Fóruns Sociais Mundiais, Projeto Juventude, movimento estudantil, assessorias nos poderes executivo e legislativo, Plano Nacional de Juventude e até uma suplência de vereador na sua cidade natal.

Eleito com base em uma ampla aliança entre os vários segmentos do movimento de juventude na última reunião do Conjuve, em 14 de dezembro, Gabriel Medina respondeu a algumas perguntas do Juventude que você acompanha na entrevista a seguir:

Há quanto tempo você faz parte do Conselho Nacional de Juventude?

Há um ano. A partir de uma decisão das organizações, movimentos, redes e fóruns que compõem o Fórum Nacional de Movimentos e Organizações Juvenis – Fonajuves, disputamos uma cadeira de redes e fóruns para o biênio 2010/2011. A princípio tínhamos muitas críticas ao processo inicial de criação do Conjuve por apresentar uma composição das entidades por indicação do Governo Federal e não por meio de uma eleição. O Fonajuves foi a única organização a se manifestar criticamente a respeito, o que impulsionou a criação de um GT (Grupo de Trabalho) para repensar este processo e resultou no método atual de eleição.

Em sua segunda composição o CONJUVE abriu-se para uma maior participação de movimentos e organizações juvenis e neste momento definimos por compô-lo com a expectativa de travar um debate franco sobre a importância de a sociedade civil construir espaços autônomos, permanentes de diálogo e elaboração de estratégias coletivas.

Por que se candidatou a presidente do Conjuve?

Há cerca de cinco anos, o Fonajuves luta para fortalecer a intervenção dos movimentos e organizações juvenis no âmbito das PPJ´s (Políticas Públicas de Juventude) no país. Desde os Fóruns Sociais Mundiais, na construção de atividades no Acampamento Intercontinental da Juventude, nas assembléias feitas à noite durante a elaboração do Plano Nacional de Juventude e na 1ª Conferência Nacional de Juventude, na realização do Festival das Juventudes em Fortaleza e no fortalecimento do Pacto pela Juventude, consolidamos um movimento político importante no debate público sobre o tema da juventude.

A indicação de minha candidatura partiu de uma construção coletiva com as organizações e movimentos que estiveram juntos nesse caminho. Participamos ativamente da gestão de 2010 no CONJUVE e com diálogo e construção de alianças mais amplas abrimos o caminho para uma candidatura forte da sociedade civil.

Você teve maioria de votos no primeiro (24x16x15) e no segundo turno (38×16). Qual o significado dessa ampla maioria de votantes nesta eleição?


Para que tenhamos uma gestão forte no CONJUVE ganhar com ampla maioria é fundamental. Quero destacar alguns símbolos da vitória. O primeiro foi a marca da diversidade no apoio. Fui o candidato dos movimentos, organizações, fóruns, redes, de juventudes partidárias e inclusive de vários Ministérios do governo Lula. Fizeram parte desta composição, jovens religiosos, feministas, trabalhadores/as, homossexuais, jovens rurais, ambientalistas, jovens com deficiência, militantes do movimento estudantil. Portanto, as mais variadas lutas somaram-se a esta candidatura. Outro elemento central foi o método de construção pautado na coletividade, no diálogo e na necessidade de unificação das pautas para os avanços nas PPJ´s.
Vale destacar o esforço para representar um campo político sólido, com a autonomia necessária para exercer pressão e crítica construtiva no novo período que iniciamos com a vitória da presidenta Dilma. Por fim, a candidatura foi construída com bases programáticas e um amplo acordo com as pautas prioritárias para o ano de 2011.

O que significa ter a sociedade civil na presidência do Conjuve já no primeiro ano do novo governo federal?

Significa possibilidade de alcançarmos avanços na pauta de juventude do país por meio de uma ação protagonista dos movimentos juvenis em conjunto com as lutas do movimento social brasileiro. Aponta para maior autonomia do Conjuve em relação ao governo e para a capacidade de exercermos mais pressão social e consolidar o Conselho como espaço de controle social.

Esta é a terceira gestão da sociedade civil do Conjuve e a primeira exercida em um momento de transição. Cabe-nos a tarefa de defender o legado do presidente Lula, primeiro Governo do país e se preocupar com a especificidade da pauta, mas com a capacidade de produzir uma análise crítica e propositiva para os próximos anos do governo Dilma.

O Conjuve, por meio da Comissão de Políticas e Programas, produziu um rico documento de análise da política de juventude. Além de construir um balanço dos cinco anos das PPJ´s no país, apresenta um conjunto de sugestões ao próximo governo. Temos a tarefa, como presidente, de criar as condições para aperfeiçoar o documento e garantir que seja considerado pelo conjunto do Governo para a elaboração e fortalecimento das políticas de juventude nos próximos quatro anos. É preciso, ainda, garantir a estrutura necessária para que o Conjuve monitore a execução das PPJ´s, fortalecendo-se como referência para todos os ministérios que desenvolvem ações com a juventude.

Quais as prioridades para o seu mandato à frente do Conjuve?

Como espaço de participação e controle social, a prioridade do Conjuve deve ser o fortalecimento da participação e protagonismo dos movimentos juvenis na elaboração e avaliação das políticas públicas de juventude, contribuindo para a sua consolidação. Para tanto, é preciso defender as prioridades da 1ª Conferência Nacional de Juventude que continuam atuais, e garantir a realização de uma 2ª Conferência ainda mais representativa.

Pretendemos trabalhar firme para a realização da 2ª. Conferência Nacional de Juventude, para que amplie sua capilaridade, qualidade e para que vá além da identificação das bandeiras e reivindicações gerais, mas que busque apresentar propostas mais consolidadas de políticas públicas. Chegou a hora de afirmarmos quais são as políticas prioritárias do Governo Dilma e como implementá-las com participação ativa da juventude.

O avanço nos marcos legais é uma pauta permanente. É necessário consolidar os direitos assegurados na Emenda Constitucional 65, assim como defender a aprovação do Plano Nacional de Juventude e do Estatuto da Juventude no Congresso Nacional.

Garantir maior capilaridade das PPJ´s por meio do incentivo à criação de Conselhos de Juventude nos Estados e Municípios, bem como a de assessorias, coordenadorias e políticas específicas de juventude.

Outra ação que considero prioritária é a de estimular maior protagonismo do Conjuve no âmbito internacional, aprofundando as relações na América Latina, Ásia, África e outros continentes, além da interlocução com organismos internacionais, na busca do estabelecimento de cooperações e avanço dos direitos dos/as jovens mundialmente.

Por fim, fortalecer o Conselho com instrumentos que melhorem sua gestão, transparência, visibilidade pública e força política para intervir decisivamente nas definições governamentais.

E qual a expectativa para a 2ª Conferência Nacional de Juventude? Arriscaria alguma meta?

A prioridade do ano de 2011 deverá ser o engajamento do Conjuve na organização da 2ª Conferência Nacional de Juventude. Fundamental será que a Conferência aponte caminhos para a consolidação da Política Nacional de Juventude, como uma prioridade na agenda do Governo Federal e com força para se enraizar nos Estados e Municípios. Para tanto, o CONJUVE deve protagonizar a condução da II Conferência, tanto na comissão organizadora nacional, como na construção das etapas municipais e estaduais.

A meta da 2ª Conferência, em minha opinião, não deve ser apenas quantitativa, mas, sobretudo qualitativa. Precisamos definir, por meio da participação popular, as prioridades políticas e as formas de implementá-las. A Conferência precisa dialogar com as leis que tramitam no Congresso, como o Plano Nacional de Juventude e o Estatuto da Juventude, gerando pressão social pela sua aprovação. Por meio destes instrumentos poderemos ter metas as ser alcançadas nos próximos anos na política de juventude.

Lutarei para que possamos ampliar as formas de participação, como as conferências livres, os processos de participação virtual, e uma novidade que apareceu no último regimento que são as Conferências Territoriais, que permitirão maior protagonismo dos/as jovens rurais, quilombolas, ribeirinhos e indígenas.

A Conferência também é um momento especial de formação e renovação de lideranças para que tenhamos mais jovens engajados na defesa dos direitos juvenis. Como a juventude marca um período de transição da vida, entre a infância e o mundo adulto, a realização de Conferência de dois em dois anos possibilita incentivar a renovação política necessária para que a nossa pauta se consolide no país.

Por fim, a 2ª Conferência deve propiciar a construção de uma pauta unificada da juventude que ajude a consolidar um calendário de lutas para o próximo ano. É a hora de ocuparmos as ruas, as praças, as escolas, a roça, as tribos e mostrar que nossos sonhos podem se transformar em realidade.



Por Ana Cristina Santos
Fotos: Beto Monteiro

Valeu Lula


Brasília – Poucas dores são tão dilacerantes quanto a da despedida. Poucos arrepios são tão imediatos e intensos quanto o do contato com o ídolo. O segundo sistema nervoso, aquele que a rua cria em alguns dos humanos, dá vazão rápida às emoções.

A mão de Lula parece ter ligação direta com o cérebro alheio e, uma a uma, abrem-se as bocas, inundam-se de lágrimas os rostos apoiados na grade em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília, para a despedida do presidente. São roubados quatro ou cinco minutos da posse de Dilma Rousseff, tão históricos quanto todas as horas que as antecederam e as que vão suceder este momento.

Lula, mais uma vez, rompe protocolos e coloca em xeque o lugar comum de que não há espaço para ídolos na política brasileira. Se todos os políticos são iguais, Lula é menos igual que os outros. Faz menos de uma hora que deixou a Presidência da República e já é o ex-presidente mais querido do Brasil dos últimos 50 anos – colocá-lo acima ou abaixo de Getúlio Vargas seria temerário e o melhor é deixar que a história faça esse ranking, se é que se faz necessário.

Sua última cena no Planalto é, também, uma das grandes cenas de sua vida. Não há notícia de um presidente que tenha chegado e saído do poder nos braços do povo. Quando Lula desceu a rampa do Palácio, deveria ter entrado no carro e ido direto ao aeroporto, de onde embarcaria para o patinoso terreno da vida de ex-chefe de Estado. Mas o chamado do povo, o mesmo feito há pouco mais de três décadas, foi mais forte e seria impossível ignorar a existência de uma massa clamorosa por seu líder.

As estatísticas mostram que Lula foi o presidente mais popular, tendo deixado o poder com apenas 3% de rejeição. O que estatística alguma será capaz de dimensionar é a adoração a este homem. A cena da capital federal deste 1º de ano será mais fiel aos fatos que qualquer medição.

O leitor que não teve como visualizar poderia imaginar o seguinte: Roberto Carlos colado na grade do Maracanã abraçando os fãs na antiga Geral. Troque-se o cantor por Lula e o mítico estádio por Brasília e se terá uma visão daquilo a que parte do país assistiu nesse sábado. Não se pode saber se o rosto de Lula está molhado por suor, lágrimas ou a chuva desta tarde quente. Nos olhos, guarda mistério, entre a tristeza, a ternura e o agradecimento.

O povo
Quiseram as regras que o dia consagrado mundialmente à ressaca fosse também a celebração da vontade de um povo – o congraçamento, usando as palavras da nova presidente. Não se pode dizer que essas milhares de pessoas vieram a Brasília simplesmente pela posse: quem apoia Dilma é, via de regra, um apoiador de Lula. Tampouco seria justo afirmar que tenham vindo apenas por Lula: quem o admirou ao longo de oito anos assumiu o pacto de transferir a admiração a Dilma.

Quis a política que essa data fosse, ao mesmo tempo, a assunção da primeira mulher a comandar o país e a saída do presidente mais popular de sua história. Brasília, oito anos depois, é tomada pelo povo, repleta de bandeiras vermelhas e verde-amarelas.

Diz a regra jornalística que os personagens apresentados em uma reportagem devem ser identificados pelo nome e, se necessário, por idade e profissão. Mas, na grade do Planalto, cada pergunta era respondida coletivamente, a fala de um era a fala dos outros, todas dadas ao mesmo tempo, neste mosaico de cabeças e neste jogral de vozes ansiosas por demonstrar fraternidade. Aqueles que têm voz nesta matéria, portanto, serão apresentados sob uma denominação genérica, escolhida ao acaso, como, por exemplo, o povo.

– De onde você veio?

– Macapá. Amazonas. Mato Grosso. Viajei quarenta e duas horas de ônibus. Paraná. Bahia. São Paulo. Foram dois dias na estrada. Sou daqui de Brasília. Fortaleza. Maranhão.

– E o que Lula representa para você?

– Lula, a gente não vai esquecer nunca. É o cara. É o guerreiro. É saúde, é comida, é Bolsa Família. É o símbolo da nossa democracia. Diziam que ele não sabia ler, que não ia conseguir governar, e agora fez até a sucessora.

– E do governo Dilma, o que você espera?

– Vai ser melhor porque ela já sabe tudo o que fizeram de errado com ele. Agora é pensar em segurança e educação. A Dilma já pegou a cama arrumada, é mais fácil. Complicado foi o Lula que pegou a cama toda quebrada.

O ex-presidente, conhecido pelo calor dos discursos, desta vez prefere falar pela boca do povo. Quando abre a sua, acompanhada pelos olhos marejados, fita pela última vez para a equipe que o acompanhou ao longo de oito anos e consegue emitir apenas uma palavra: “obrigado.”

Que nada. O povo é que diz: "Valeu, Lula."