quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Fidel Castro: A marcha rumo ao abismo

Não se trata de otimismo ou pessimismo, de saber ou ignorar coisas elementares, ser responsável ou não pelos acontecimentos. Os que se pretendem políticos devem ser jogados à lixeira da história se, como é norma, nessa atividade ignoram tudo, ou quase tudo, o que se relaciona com ela.


Por Fidel Castro

Não falo, claro, dos que ao longo de vários milênios converteram os assuntos públicos em instrumento de poder e riqueza para as classes privilegiadas, atividade em que verdadeiros recordes de crueldade têm sido impostos durante os últimos oito ou dez mil anos em que existem vestígios certos da conduta social de nossa espécie, cuja existência como seres pensantes tem apenas, segundo os cientistas, uns 180 mi anos.

Não é minha intenção engajar-me em tais temas que, certamente, aborreceriam quase cem por cento das pessoas que continuamente são bombardeadas com notícias através da mídia, que vão desde a palavra escrita até as imagens tridimensionais que começam a ser exibidas em custosos cinemas, e não está muito distante o dia em que também predominem nas já por si fabulosas imagens da televisão. Não é casual que a chamada indústria de recreação tenha sua sede no coração do império que a todos tiraniza.

Pretendo situar-me no ponto de partida atual de nossa espécie para falar da marcha rumo ao abismo. Poderia, inclusive, falar de uma marcha “inexorável” e estaria com certeza mais próximo da realidade. A ideia de um juízo final está implícita nas doutrinas religiosas dominantes entre os habitantes do planeta, sem que ninguém as qualifique de pessimistas. Considero, ao contrário, que é um dever elementar de todas as pessoas mais sérias, que são milhões, lutar para adiar e, talvez, impedir, esse dramático e próximo acontecimento no mundo atual.

Numerosos perigos nos ameaçam, mas dois deles - a guerra nuclear e a mudança climática - são decisivos
e ambos estão cada vez mais longe de ter uma solução.

O palavrório demagógico, as declarações e discursos da tirania imposta ao mundo pelos Estados Unidos e seus poderosos e incondicionais aliados, em ambos os temas, não admitem a menor dúvida a respeito.

O primeiro de janeiro de 2012, ano novo ocidental e cristão, coincide com o aniversário do triunfo da Revolução em Cuba e o ano em que se completam os 50 anos da Crise de Outubro de 1962, que colocou o mundo à beira de uma guerra mundial nuclear, o que me obriga a escrever estas linhas.

Minhas palavras não teriam sentido se tivessem como objetivo atribuir alguma culpa ao povo norte-americano, ou ao de qualquer outro país aliado dos Estados Unidos na insólita aventura; eles, como os demais povos do mundo, seriam as vítimas inevitáveis da tragédia. Fatos recentes ocorridos na Europa e outros pontos mostram a indignação massiva daqueles a quem o desemprego, o custo de vida, a redução nas rendas, as dívidas, a discriminação, as mentiras e a politicagem, conduzem aos protestos e às brutais repressões dos guardiões da ordem estabelecida.

Com frequência crescente se fala de tecnologias militares que afetam a totalidade do planeta, único local habitável conhecido a centenas de anos luz de outro que talvez possa ser adequado se pudéssemos viajar à velocidade da luz, trezentos mil quilômetros por segundo.

Não devemos ignorar que nossa maravilhosa espécie pensante desaparecerá muitos milhões de anos antes de que surja novamente outra capaz de pensar, em virtude dos princípios naturais que regem a evolução das espécies, descobertos por Darwin em 1859 e hoje reconhecidos por cientistas sérios, religiosos o ou não.

Nenhuma outra época da história do homem conheceu os atuais perigos que ameaçam a humanidade. Pessoas como eu, com 85 anos de idade, tínhamos chegado aos 18 com o título de bacharel antes de ser construída a primeira bomba atômica.

Hoje os artefatos deste tipo, prontos para serem empregados - incomparavelmente mais poderosos que aqueles que produziram o calor do sol sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki ─ são milhares.

As armas desse tipo, armazenadas adicionalmente nos depósitos, somadas às já desativadas em virtude dos acordos, alcançam cifras que superam os vinte mil projéteis nucleares.

O emprego de apenas uma centena dessas armas seria suficiente para criar um inverno nuclear que provocaria uma morte espantosa, em pouco tempo, de todos os seres humanos que habitam o planeta, como demonstrou brilhantemente e com dados computadorizados o cientista norte-americano e professor da Universidade de Rutgers (Nova Jersey), Alan Robock.

Os que costumam ler as notícias e análises internacionais sérias conhecem como os riscos do início de uma guerra com o emprego de armas nucleares se incrementam na medida em que a tensão cresce no Oriente Médio, onde só o governo de Israel acumula centenas de armas nucleares em plena disposição para o combate, e cujo caráter de forte potência nuclear não se confirma nem se nega. Cresce igualmente a tensão em torno da Rússia, país de inquestionável capacidade de resposta, ameaçada por um suposto escudo nuclear europeu.

É de provocar riso a afirmação ianque de que o escudo nuclear europeu existe para proteger também a Rússia do Irã e da Coreia do Norte. A posição ianque é tão débil neste assunto delicado que seu aliado Israel nem sequer se incomoda em garantir consultas prévias sobre medidas que possam desencadear a guerra.

A humanidade, por outro lado, não goza de garantia nenhuma. O espaço cósmico, nas proximidades de nosso planeta, está saturado de satélites artificiais dos Estados Unidos destinados a espionar o que ocorre até nos telhados das residências de qualquer nação no mundo. A vida e os costumes de cada pessoa ou família passaram a ser objeto de espionagem. A escuta de centenas de milhares de celulares, e os temas das conversas de qualquer usuário em qualquer parte do mundo, deixam de ser assuntos privados para serem convertidos em material de informação para os serviços secretos dos Estados Unidos.

Este é o direito que resta aos cidadãos de nosso mundo em virtude dos atos de um governo cuja Constituição, aprovada no Congresso de Filadélfia em 1776, estabelecia que todos os homens nascem livres e iguais, tendo recebido do Criador determinados direitos, dos quais já não lhes resta, nem aos próprios norte-americanos ou a qualquer cidadão do mundo, nem sequer o direito de comunicar por telefone a familiares e amigos seus sentimentos mais íntimos.

A guerra, contudo, é uma tragédia que pode ocorrer, e é muito provável que ocorra. Mas, se a humanidade fosse capaz de retardá-la por um tempo indefinido, outro fato igualmente dramático está ocorrendo já em ritmo crescente: a mudança climática. Assinalarei apenas aquilo que eminentes cientistas e comentaristas de relevo mundial têm explicado através de documentos e filmes que ninguém questiona.

É bem conhecido que o governo dos Estados Unidos se opôs aos acordos de Quioto sobre o meio ambiente, uma linha de conduta que nem sequer combinou com seus aliados mais próximos, cujos territórios sofreriam grandemente e alguns dos quais, como a Holanda, desapareceriam completamente.

O planeta segue hoje sem uma política sobre este grave problema, enquanto os níveis do mar sobem, as enormes camadas de gelo que cobrem a Antártica e a Groenlândia (onde se acumula mais de 90% da água doce do mundo), derretem em ritmo crescente, e a humanidade já alcançou oficialmente, em 30 de novembro de 2011, a cifra de sete bilhões de habitantes que, nas áreas mais pobres do mundo, cresce de forma inevitável. Por acaso aqueles que se dedicaram a bombardear países e matar milhões de pessoas durante os últimos 50 anos podem se preocupar com o destino dos demais povos?

Os Estados Unidos são hoje não só o promotor dessas guerras, mas também o maior produtor e exportador de armas no mundo.

Como se sabe, esse poderoso país assinou um acordo para fornecer 60 bilhões de dólares nos próximos anos ao reino da Arábia Saudita, onde as transnacionais dos Estados Unidos e de seus aliados extraem todo dia 10 milhões de barris de petróleo leve, isto é, bilhões de dólares em combustível. Que será daquele país e da região quando estas reservas se esgotarem? Não é possível que nosso mundo globalizado aceite sem choradeira o colossal desperdício de recursos energéticos que a natureza levou centenas de milhares de anos para criar, e cuja dilapidação encarece os custos essenciais. Não seria em absoluto digno do caráter inteligente atribuído a nossa espécie.

Nos últimos doze meses essa situação se agravou consideravelmente a partir de novos avanços tecnológicos que, longe de aliviar a tragédia proveniente do desperdício dos combustíveis fósseis, a agrava consideravelmente.

Cientistas e pesquisadores de prestígio mundial vinham assinalando as consequências dramáticas da mudança climática.

Em um excelente documentário, o diretor francês Yann Arthus-Bertrand, intitulado Home, e elaborado com a colaboração de prestigiosas e bem informadas personalidades internacionais, publicado em meados de 2009, advertiu ao mundo com dados irrebatíveis o que estava ocorrendo. Com sólidos argumentos, expunha as consequências nefastas do consumo, em menos de dois séculos, dos recursos energéticos criados pela natureza em centenas de milhões de anos. Mas o pior não é o colossal desperdício, mas as consequências suicidas que teria para a espécie humana : “... te beneficias de um fabuloso legado de quatro bilhões de anos ministrado pela Terra. Tens apenas 200 mil anos, mas já mudaste a face do mundo”.

Não culpava, nem poderia culpar, a ninguém - sinalizava apenas uma realidade objetiva. Contudo, hoje temos que culpar-nos a todos os que sabemos e nada fazemos para remediar esta situação.

Em suas imagens e conceitos, os autores desta obra incluem memórias, dados e ideias que temos o dever de conhecer e levar em conta.

Recentemente outro fabuloso material fílmico exibido foi Oceanos, elaborado por dois produtores franceses, considerado em Cuba o melhor filme do ano. Talvez, em minha opinião, o melhor desta época.

É um material que assombra pela precisão e beleza das imagens nunca antes filmadas por câmara alguma: oito anos e 50 milhões de euros foram investidos no filme. A humanidade terá que agradecer essa prova da forma como se expressam os princípios da natureza adulterados pelo homem. Os atores não são seres humanos; são os povoadores dos mares do mundo. Um Oscar para eles!

O que despertou em mim o dever de escrever estas linhas não surgiu dos fatos referidos até aqui, que de uma forma ou outra comentei anteriormente. Mas de outros que, manejados pelo interesse das transnacionais, saíram à luz em doses graduais nos últimos meses e servem em minha opinião como prova definitiva da confusão e do caos político que imperam no mundo.

Foi apenas há alguns meses que li pela primeira vez algumas notícias sobre a existência do gás de xisto. Dizia-se que os Estados Unidos dispunham de reservas para suprir suas necessidades deste combustível durante 100 anos. Como disponho, atualmente, de tempo para indagar sobre temas políticos, econômicos e científicos que podem ser realmente úteis a nossos povos, entrei em contato discretamente com várias pessoas que residem em Cuba ou no exterior. Curiosamente, nenhuma delas havia ouvido uma palavra sobre o assunto. Não era a primeira vez que isso acontecia. E é assombroso que fatos importantes podem ser escondidos num verdadeiro mar de informações, misturados com centenas ou milhares de notícias que circulam pelo planeta.

Persisti, entretanto, em meu interesse sobre o tema. Transcorreram vários meses e o gás de xisto não é notícia. Na véspera do ano novo já se conheciam dados suficientes para ver com clareza a marcha inexorável do mundo rumo ao abismo, ameaçado por riscos tão extremamente graves como a guerra nuclear e a mudança climática. Do primeiro já falei; do segundo, por uma questão de brevidade, me limitarei a expor dados conhecidos e alguns por conhecer que nenhum dirigente político ou pessoa sensata pode ignorar.

Não vacilo em afirmar que observo ambos os fatos com a serenidade dos anos vividos, nesta espetacular fase da história humana, que contribuiu para a educação de nosso povo valente e heroico.

O gás se mede em TCF, podendo ser referido em pés cúbicos ou metros cúbicos - nem sempre se explica se se trata de um ou outro - dependendo do sistema de medidas que se use em um determinado país. Por outro lado, quando se fala de bilhões, podem se referir ao bilhão espanhol que significa um milhão de milhões (bilhões em português). Essa cifra em inglês é classificada como trilhão que deve ser levada em conta quando se analisa os dados referidos ao gás, que costumam referir-se a volumes. Tratarei de indicar quando for necessário.

O analista norte-americano Daniel Yergin, autor de um volumoso clássico da história do petróleo afirmou, segundo a agência de notícias IPS, que um terço de todo o gás produzido nos Estados Unidos já é gás de xisto.

“... a exploração de uma plataforma com seis poços pode consumir 170 mil metros cúbicos de água e inclusive provocar efeitos danosos como influir nos movimentos sísmicos, contaminar águas subterrâneas e superficiais, e afetar a paisagem”.

O grupo britânico BP informou por sua parte que “as reservas provadas de gás convencional ou tradicional no planeta somam 6.608 trilhões de pés cúbicos, uns 187 trilhões de metros cúbicos, (...) e os depósitos maiores estão na Rússia (1.580 TCF), Irã (1.045), Catar (894), Arábia Saudita e Turquemenistão, com 283 TCF cada um”. Trata-se do gás que se vinha produzindo e comercializando.

“Um estudo da EIA - uma agência governamental dos Estados Unidos sobre energia - publicado em abril de 2011 encontrou praticamente o mesmo volume (6.620 TCF ou 187 trilhões de metros cúbicos) de gás de xistos recuperável em apenas 32 países, e os gigantes são: China (1.275 TCF), Estados Unidos (862), Argentina (774), México (681), África do Sul (485) e Austrália (396 TCF)”. Observe-se que de acordo com o que se sabe, Argentina e México possuem quase tanto quanto os Estados Unidos. China, com as maiores jazidas, possui reservas que equivalem a quase o dobro daqueles e uns 40% a mais que os Estados Unidos.

“... países secularmente dependentes de fornecedores estrangeiros contariam com uma enorme base de recursos em relação a seu consumo, como França e Polônia, e importam 98 e 64 por cento, respectivamente, do gás que consomem e que teriam em rochas de xisto reservas superiores a 180 TCF cada um”.

“Para extraí-lo - assinala a IPS - se apela a um método batizado de “fracking” (fratura hidráulica), com a injeção de grandes quantidades de água, areia e aditivos químicos. A emissão de carbono (produção de dióxido de carbono liberada na atmosfera) é muito maior que a gerada com a produção de gás convencional”.

“Como se trata de bombardear camadas da crista terrestre com água e outras substâncias, aumenta o risco de provocar danos no subsolo, no solo, águas subterrâneas e superficiais, a paisagem e as vias de comunicação se as intalações para extrair e transportar a nova riqueza apresentem defeitos ou erros de manejo”.

Basta assinalar que entre as numerosas substâncias químicas injetadas com a água para extrair este gás se encontram o benzeno e o tolueno, que são terrivelmente cancerígenas.

A especialista Lourdes Melgar, do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, opina que:

“´É uma tecnologia que gera muito debate e são recursos encontrados em regiões onde não há água´...”

“Os xistos gasíferos - diz IPS - são pedreiras de hidrocarbonetos não convencionais enquistados em rochas que as abrigam, e é por isso que se aplica a fratura hidráulica (conhecida como ‘fracking’) para liberá-las em grande escala”.

“A geração de gás de xisto envolve altos volumes de água e a escavação e fratura geram grandes quantidades de resíduos líquidos, que podem conter substâncias químicas dissolvidas e outros contaminantes que exigem tratamento antes de serem descartados”.

“A produção de xisto saltou de 11.037 milhões de metros cúbicos em 2000 a 135.840 milhões em 2010. Se este ritmo de expansão continuar, em 2035 chegará a cobrir 45 por cento da demanda geral de gás”, diz a EIA.

“Pesquisas cientificas recentes alertam para o perfil ambientalmente negativo do gás de xisto”.

“Os acadêmicos Robert Howarth, Renee Santoro e Anthony Ingraffea, da estadunidense Universidade de Cornell, concluíram que este hidrocarboneto é mais contaminante que o petróleo e o gás, segundo seu estudo ‘Metano e a pegada de gases de efeito estufa do gás natural proveniente de formações de xisto’, divulgado em abril passado pela revista Climatic Change.

“A pegada carbônica é maior que a do gás convencional ou o petróleo, vistos em qualquer horizonte temporal, mas particularmente num espaço de 20 anos. Comparada com o carvão, é ao menos 20por cento maior e talvez mais do dobro em 20 anos´, ressaltou a notícia.”

“O metano é um dos gases do efeito estufa mais contaminantes, responsáveis pelo aumento da temperatura do planeta”.

“´Em áreas ativas de extração (um ou mais poços em um quilômetro), as concentrações médias e máximas de metano em poços de água potável crescem com a vizinhança ao poço gasífero mais próximo, além do perigo potencial de explosão´, assegura o texto escrito por Stephen Osborn, Avner Vengosh, Nathaniel Warner y Robert Jackson, da estatal Universidade de Duke.

“Estes indicadores questionam o argumento da indústria de que o xisto pode substituir o carvão para a geração de energia elétrica e, portanto, ser um recurso para mitigar a mudança climática.”

“´É uma aventura muito prematura e arriscada´.”

“Em abril de 2010, o Departamento de Estado dos Estados Unidos colocou em marcha a Iniciativa Global de Gás de Xisto para ajudar os países que querem aproveitar este recurso, para identificação e desenvolvimento. Com um eventual ganho econômico para as transnacionais dessa nação.”

Fui inevitavelmente extenso; não tive outra opção. Redijo estas linhas para o portal Cubadebate e para a Telesur, uma das emissoras de notícias mais sérias e honestas de nosso sofrido mundo.

Para abordar o tema deixei que passassem os dias festivos do velho e do novo ano.
Fidel Castro Ruz

4 de janeiro de 2012, 21h15
Fonte: Cubadebate http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=172707&id_secao=9

Tradução da redação do Vermelho

Vídeo: José Saramago e o comunismo:" Ser comunista é um estado de "espírito"


O grande intelectual português José Saramago fala sobre o Comunismo e porque mesmo com alguns erros cometidos pelo sitema ainda continua fiel ao comunismo. Ele afirma que o comunismo é um estado de espírito e provoca afirmando que não adianta contestar os comunistas, afirmando que este foi um sistema cruel, mesmo porque muitos que contestam o Sistema são católicos ou cristãos, e mesmo com todas as atrocidades cometidas por essas instituições continuam acreditando em Deus. Assim é com o comunismo,teve algumas falhas(ainda que as falhas ocorressem no sistema socialista, já que nenhum país no mundo atingiu até hoje a fase do comunismo *N.e), mas não deixamos de acreditar

Cracolândia e o silêncio de FHC

Cracolândia e o silêncio de FHC

Do Blog do Miro

Por Wálter Fanganiello Maierovitch, no sítio Terra Magazine :

No ano passado, o ex-presidente Fenando Henrique Cardoso, que nos dois mandatos presidenciais se submeteu à política norte-americana de guerra às drogas (war on drugs) de seu guru, o então presidente Bill Clinton, virou casaca, trocou bandeira.

FHC, em busca de um palanque internacional para concorrer com o então presidente Lula, reuniu antigos presidentes e dirigentes fracassados por adesão à guerra às drogas e submissão aos EUA para deitar sabedoria quanto às novas políticas sobre o fenômeno representado pelas drogas ilícitas no planeta.

Assim, FHC subiu ao palanque adrede preparado e vestiu panos de líder progressista, a encampar, como próprio, antigos posicionamentos antiproibicionistas. Até foi preparado um documentário, do tipo laudatório para exibição em cinemas, que não se tornou campeão de bilheteria.

Dentre a turma dos “vira-casaca”, que usam a desculpa do “nós reconhecemos que erramos e agora vamos mudar”, destacam-se:

1) César Gaviria, ex-presidente da Colômbia ao tempo dos potentes cartéis de Cali, Medellín e Vale Norte. Gaviria admitiu que Pablo Escobar construísse, com recursos da venda internacional de cocaína, o presídio onde ficaria e poderia sair para passeios e dirigir, do banco de reservas, o seu time de futebol. O povo chamava o presídio de “A Catedral”, pois era o santuário de Escobar, com obras de arte nas salas de reuniões do “capo da cocaína” e sistema de segurança para evitar bombardeamento por aviões da norte-americana DEA (Drug Enforcement Administration). Mais ainda, Gaviria fazia vista grossa para a Tranquilândia, o megacomplexo onde Pablo Escobar, chefão do Cartel de Medellín, mantinha o maior centro latino-americano de refino de cocaína: o povo deu o nome de Tranquilândia, pois a polícia jamais entrava lá.

2) Ernesto Zedillo, ex-presidente que decretou a falência do México, provocou uma crise econômica internacional até então sem precedentes e assistiu a indústria mexicana das drogas ilícitas obter lucros fabulosos.

3) Kofi Annan, ex-secretário da Organização das Nações Unidas (ONU), e responsável, quando no poder, pela manutenção do proibicionismo criminalizante convencionado na sede das Nações Unidas em 1961: a convenção de Nova York continua em vigor e os estados teocráticos membros da ONU e os EUA são contrários a qualquer tipo de mudança.

Como o tempo se incumbe de revelar farsantes, aquele que se promoveu a líder das causas corretas sobre políticas nacionais e internacionais sobre drogas, FHC mantém-se, passada mais de uma semana da operação iniciada na Cracolândia, em sepulcral silêncio.

Morador do bairro de Higienópolis, popularmente dividido em Higienópolis de Cima e Higienópolis de Baixo depois da luta pela não instalação de uma estação de metrô que levaria à circulação de transeuntes indesejados, FHC foi cobrado pelos vizinhos. Afinal, a ação prevalentemente policial no bairro da Luz, onde estavam confinados os toxicodependentes de crack, resultaria na migração para Higienópolis.

FHC, o novel especialista no fenômeno das drogas proibidas pelas convenções da ONU, não se manifestou sobre o denominado Plano de Ação Integrada Centro Legal, concebido pela dupla Alckmin-Kassab, respectivamente, governador do Estado e prefeito da capital.

Pelo silêncio, nem se sabe se gostou da deferência do governador por destacar um contingente da Polícia Militar para impedir que dependentes químicos de crack, estimados em 1.664 (400 habitam na Cracolândia), ousem, ainda que assutados pela violência policial, migrar para o “aristocrático” bairro de Higienópolis.

Com tal medida protetiva, FHC, certamente, vai poder abrir as janelas de seu apartamento sem risco de assistir a cenas motivadoras de algum pronunciamento.

Pano Rápido. A meta da operação de Alckmin-Kassab é “limpar” a Cracolândia de “indesejados viciados em crack”, antes admitidos quando interessava a política de confinamento.



O “limpa” vai dispersar os dependentes para novo “pogrom” na periferia, já que uma muralha de policiais militares evitará que ingressem nos bairros vizinhos de Higienópolis e Bom

Retiro.http://altamiroborges.blogspot.com/2012/01/cracolandia-e-o-silencio-de-fhc.html?spref=tw

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Calendario de Encontros Setorias

2012 tem Encontro dos Setoriais do PT ainda no 1º Semestre! Vamos mostrar a nossa mobilização!

Adesões até dia 29 de janeiro no site da Comunidade PT ou junto a SORG do seu estado. PARTICIPE

Prefeitura realiza 3ª edição do Projeto Férias


De 9 a 28 de janeiro, a Prefeitura de Suzano, por meio das secretarias municipais de Educação; Esportes, Lazer e Recreação, e de Cultura, realizará a 3ª Edição do Projeto Férias. A programação é gratuita e inclui brincadeiras tradicionais, oficinas de dança, jogos, brinquedos, passeios, atividades culturais e esportivas.

No Parque Municipal Max Feffer, de 9 a 28 de janeiro, das 9h às 16h, serão desenvolvidas diversas atividades esportivas: futsal, voleibol, basquete, caminhada, dama, xadrez e natação, mediante a apresentação de atestado médico. Além do esporte, também haverá exposições culturais no Pavilhão da Cultura Afrobrasileira Zumbi dos Palmares.

De 17 a 27 de janeiro, o projeto será desenvolvido em dez escolas da rede municipal, sempre das 13h às 17h. “Férias é o tempo da ‘não escola’. Tempo de brincadeiras de hoje e de outras gerações, em que idades diferentes se encontram e podem produzir espaços e tempos de cultura, de lazer e de educação”, ressalta a secretária municipal de Educação.

Os polos das atividades são os mesmos em que são desenvolvidas as ações do programa Escola Aberta, do governo federal (confira quadro).

A novidade desta edição é que em cinco escolas participantes também haverá oficinas para as mães, como confecção de embalagens, fuxico e artesanato com EVA.

Polos de Atividades:

Emef Ruy Ferreira Guimarães
Rua Antônio Celso Borges, 25 – Jardim São Bernardino

Emeif Prof. Ignez de Castro A. Mayer*
Rua Formosa, 200 – Boa Vista

Emef Luis Romanato*
Rua Abel de Mattos, s/nº – Vila Maluf

Emef Caic de Suzano
Rua Cachoeira, 33 – Jardim Monte Cristo

Emeif Mércia Amaral A. de Brito
Rua Isabel Castanheda Mayer, 198 – Pq. Res. Casa Branca

Emef Eng. Isaias Martinelli Gama*
Rua Maria de Souza Assis, 36 – Pq. Res. Nova América

Emeif Neyde Pião Vidal
Rua Nicácio da Silva Bastos, 503 – Parque Buenos Aires

Emef José Celestino Sanches*
Avenida Paulo Sampaio, 50 – Jardim Varan

Emef Prof. Célia Pereira de Lima
Rua Madame Pomery, 590 – Vila Urupês

Emeif Odário Ferreira da Silva*
Rua Valdir Dicieri, 305 – Jardim Belém

Parque Municipal Max Feffer
Avenida Brasil x Avenida Senador Roberto Simonsen

* Com oficinas para as mães

Stéphane Hessel: “Os bancos estão contra a democracia”

Aos 94 anos, depois de lutar na Resistência, sobreviver aos campos nazistas e escrever a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Stéphane Hessel publicou um livrinho de 32 páginas, Indignem-se, que teve eco global. Em entrevista ao Página/12 ele fala sobre sua obra e critica o ultra liberalismo predador, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta e a ocupação israelense da Palestina.


por Eduardo Febbro – Página/12, via Carta Maior

A revolta não tem idade nem condição. Nos seus afáveis, lúcidos e combativos 94 anos, Stéphane Hessel encarna um momento único na história política humana: ter conseguido desencadear um movimento mundial de contestação democrática e cidadã com um livro de escassas 32 páginas: Indignem-se. O livro foi lançado na França em outubro de 2010 e em março de 2011 se converteu no alicerce do movimento espanhol dos indignados.

O quase um século de vida de Stéphane Hessel se conectou primeiro com a juventude espanhola que ocupou a Puerta del Sol e depois com os demais protagonistas da indignação que se tornou planetária: Paris, Londres, Roma, México, Bruxelas, Nova York, Washington, Tel-Aviv, Nova Déli, São Paulo. Em cada canto do mundo e sob diferentes denominações, a mensagem de Hessel encontrou um eco inimaginável.

Seu livro, entretanto, não contém nenhum discurso ideológico, menos ainda algum chamado à excitação revolucionária. Indignem-se é, ao mesmo tempo, um convite a tomar consciência sobre a forma calamitosa em que estamos sendo governados, uma restauração nobre e humanista dos valores fundamentais da democracia, um balde de água fria sobre a adormecida consciência dos europeus convertidos em consumidores obedientes e uma dura defesa do papel do Estado como regulador. Não deve existir na história editorial um livro tão curto com um alcance tão extenso.

Quem olhe a mobilização mundial dos indignados pode pensar que Hessel escreveu uma espécie de panfleto revolucionário, mas nada é mais estranho a essa idéia. Indignem-se e os indignados se inscrevem em uma corrente totalmente contrária a que se desatou nas revoltas de Maio de 68. Aquela geração estava contra o Estado. Ao contrário, o livro de Hessel e seus adeptos reivindicam o retorno do Estado, de sua capacidade de regular. Nada reflete melhor esse objetivo que um dos slogans mais famosos que surgiram na Puerta del Sol: “Nós não somos anti-sistema, o sistema é anti-nós”.

Em sua casa de Paris, Hessel fala com uma convicção na qual a juventude e a energia explodem em cada frase. Hessel tem uma história pessoal digna de uma novela e é um homem de dois séculos. Diplomata humanista, membro da Resistência contra a ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial, sobrevivente de vários campos de concentração, ativo protagonista da redação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, descendente da luta contra essas duas grandes calamidades do século XX que foram o fascismo e o comunismo soviético. O nascente século XXI fez dele um influente ensaísta.

Quando seu livro saiu na França, as línguas afiadas do sistema liberal desceram sobre ele um aluvião de burlas: “o vovozinho Hessel”, o “Papai Noel das boas consciências”, diziam no rádio e na televisão os marionetes para desqualificá-lo. Muitos intelectuais franceses disseram que essa obra era um catálogo de banalidades, criticaram seu aparente simplismo, sua superficialidade filosófica, o acusaram de idiota e de anti-semita. Até o primeiro-ministro francês, François Fillon, desqualificou a obra dizendo que “a indignação em si não é um modo de pensamento”. Mas o livro seguiu outro caminho. Mais de dois milhões de exemplares vendidos na França, meio milhão na Espanha, traduções em dezenas de países e difusão massiva na Internet.

O ultra-liberalismo predador, a corrupção, a impunidade, a servidão da classe política ao sistema financeiro, a anexação da política pela tecnocracia financeira, as indústrias que destroem o planeta, a ocupação israelense da Palestina, em suma, os grandes devastadores do planeta e das sociedades humanas encontraram nas palavras de Hessel um inimigo inesperado, um “argumentário” de enunciados básicos, profundamente humanista e de uma eficácia imediata. Sem outra armadura além de um passado político de social-democrata reformista e um livro de 32 páginas, Hessel opôs ao pensamento liberal consumista e ao consenso um dos antídotos que eles mais temem, ou seja, a ação.

Não se trata de uma obra de reflexão política ou filosófica, mas de uma radiografia da desarticulação dos Estados, de um chamado à ação para que o Estado e a democracia voltem a ser o que foram. O livro de Hessel se articula em torno da ação, que é precisamente ao que conduz à indignação: resposta e ação contra uma situação, contra o outro. O que Hessel qualifica como mon petit livre é uma obra curiosa: não há nenhuma novidade nela, mas tudo o que diz é uma espécie de síntese do que a maior parte do planeta pensa e sente cada manhã quando se levanta: exasperação e indignação.

Você foi, de alguma maneira, o homem do ano. Seu livro foi sucesso mundial e acabou se convertendo no foco do movimento planetário dos indignados. Houve, de fato, duas revoluções quase simultâneas no mundo, uma nos países árabes e a que você desencadeou em escala planetária.

Nunca previ que o livro tivesse um êxito semelhante. Ao escrevê-lo, havia pensado em meus compatriotas para dizer a eles que o modo no qual estão sendo governados propõe interrogações e que era preciso indignar-se diante dos problemas mal solucionados. Mas não esperava que o livro fosse lançado em mais de quarenta países nos quatro pontos cardeais. Mas eu não me atribuo nenhuma responsabilidade no movimento mundial dos indignados. Foi uma coincidência que o meu livro tenha aparecido no mesmo momento em que a indignação se expandia pelo mundo. Eu só convidei as pessoas a refletirem sobre o que elas acham inaceitável. Acho que a circulação tão ampla do livro se deve ao fato de que vivemos um momento muito particular da história de nossas sociedades e, em particular, desta sociedade global na qual estamos imersos há dez anos. Hoje vivemos em sociedades interdependentes, interconectadas. Isto muda a perspectiva. Os problemas aos que estamos confrontados são mundiais.

As reações que seu livro desencadeou provam que existe sempre uma pureza moral intacta na humanidade?

O que permanece intacto são os valores da democracia. Depois da Segunda Guerra Mundial resolvemos problemas fundamentais dos valores humanos. Já sabemos quais são esses valores fundamentais que devemos tratar de preservar. Mas quando isto deixa de ter vigência, quando há rupturas na forma de resolver os problemas, como ocorreu após os atentados de 11 de setembro, da guerra no Afeganistão e no Iraque e a crise econômica e financeira dos últimos quatro anos, tomamos consciência de que as coisas não podem continuar assim. Devemos nos indignar e nos comprometer para que a sociedade mundial adote um novo curso.

Quem é responsável de todo este desastre? O liberalismo ultrajante, a tecnocracia, a cegueira das elites?

Os governos, em particular os governos democráticos, sofreram uma pressão por parte das forças do mercado à qual não souberam resistir. Essas forças econômicas e financeiras são muito egoístas, só buscam o beneficio em todas as formas possíveis sem levar em conta o impacto que essa busca desenfreada do lucro tem nas sociedades. Não lhes importa nem a dívida dos governos, nem os ganhos medíocres das pessoas. Eu atribuo a responsabilidade de tudo isto às forças financeiras. Seu egoísmo e sua especulação exacerbada são também responsáveis pela deterioração do nosso planeta. As forças que estão por trás do petróleo, da energia não-renovável nos conduzem a uma direção muito perigosa.

O socialismo democrático teve seu momento de glória depois da Segunda Guerra Mundial. Durante muitos anos tivemos o que se chama Estados de providência. Isto derivou em uma boa fórmula para regular as relações entre os cidadãos e o Estado. Mas depois nos distanciamos desse caminho sob a influência da ideologia neoliberal. Milton Friedman e a Escola de Chicago disseram: “deixem a economia com as mãos livres, não deixem que o Estado intervenha”. Foi um caminho equivocado e hoje nos damos conta de que nos encerramos em um caminho sem saída. O que aconteceu na Grécia, Itália, Portugal e Espanha nos prova que não é dando cada vez mais força ao mercado que se chega a uma solução. Não. Essa tarefa compete aos governos, são eles que devem impor regras aos bancos e às forças financeiras para limitar a sobre exploração das riquezas que eles detêm e a acumulação de benefícios imensos enquanto os Estados se endividam. Devemos reconhecer que os bancos estão contra a democracia. Isso não é aceitável.

É chocante comprovar a indiferença da classe política ante a revolta dos indignados. Os dirigentes de Paris, Londres, Estados Unidos, em suma, ali onde estourou este movimento, se omitiram diante das reivindicações dos indignados.

Sim, é verdade. Por enquanto se subestimou a força desta revolta e desta indignação. Os dirigentes disseram uns aos outros: isto nós já vimos antes, em Maio de 68, etc., etc. Acho que os governos se equivocaram. Mas o fato de que os cidadãos protestem pela forma em que estão sendo governados é algo muito novo e essa novidade não se deterá. Predigo que os governos se verão cada vez mais pressionados pelos protestos contra a maneira em que os Estados são governados. Os governos se empenham em manter o sistema intacto. Entretanto, o questionamento coletivo do funcionamento do sistema nunca foi tão forte como agora. Na Europa atravessamos um momento muito denso de questionamento, tal como aconteceu antes na América Latina. Eu estou muito orgulhoso pela forma como a Argentina soube superar a gravidade da crise. Isto prova que é possível atuar e que os cidadãos são capazes de mudar o curso das coisas.

De alguma maneira, você acendeu a chama de uma espécie de revolução democrática. Entretanto, não convocou uma revolução. Qual é então o caminho para romper o cerco no qual vivemos? Qual é a base do renascimento de um mundo mais justo?

Devemos transmitir duas coisas às novas gerações: a confiança na possibilidade de melhorar as coisas. As novas gerações não devem perder a esperança. Em segundo lugar, devemos fazê-los tomar consciência de tudo o que está se fazendo atualmente e que está no sentido correto. Penso no Brasil, por exemplo, onde houve muitos progressos, penso na presidenta Cristina Fernández de Kirchner, que também fez as coisas progredirem muito, penso também em tudo o que se realiza no campo da economia social e solidária em tantos e tantos países. Em tudo isto há novas perspectivas para encarar a educação, os problemas da desigualdade, os problemas ligados à água. Tem gente que trabalha muito e não devemos subestimar seus esforços, inclusive se o que se consegue é pouco por causa da pressão do mundo financeiro. São etapas necessárias.

Acho que, cada vez mais, os cidadãos e as cidadãs do mundo estão entendendo que o seu papel pode ser mais decisivo na hora de fazer entender aos governos, que são responsáveis pela vigência dos grandes valores, que esses mesmos governos estão deixando de lado. Há um risco implícito: que os governos autoritários acabem empregando a violência para calar as revoltas. Mas acho que isso já não é mais possível. A forma pela qual os tunisianos e os egípcios se livraram de seus governos autoritários mostra duas coisas: uma, que é possível; dois, que com esses governos não se progride. O progresso só é possível se for aprofundada a democracia. Nos últimos 20 anos a América Latina progrediu muitíssimo graças ao aprofundamento da democracia.

Em escala mundial, mesmo com as coisas que se conseguiram, mesmo com os avanços que se obtiveram com a economia social e solidária, tudo isto é extremamente lento. A indignação se justifica nisso: os esforços realizados são insuficientes, os governos foram débeis e até os partidos políticos da esquerda sucumbiram ante a ideologia neoliberal. Por isso devemos nos indignar. Se os meios de comunicação, se os cidadãos e as organizações de defesa dos direitos humanos forem suficientemente potentes para exercer uma pressão sobre os governos as coisas podem começar a mudar amanhã.

Pode-se mudar o mundo sem revoluções violentas?

Se olharmos para o passado, veremos que os caminhos não-violentos foram mais eficazes que os violentos. O espírito revolucionário que empolgou o começo do século XX, a revolução soviética, por exemplo, conduziram ao fracasso. Homens como o checo Vaclav Havel, Nelson Mandela ou Mijail Gorbachov demonstraram que, sem violência, podem-se obter modificações profundas. A revolução cidadã que assistimos hoje pode servir a essa causa. Reconheço que o poder mata, mas esse mesmo poder se vai quando a força não-violenta ganha. As revoluções árabes nos demonstraram a validade disto: não foi a violência quem fez cair os regimes de Túnis e do Egito. Não, nada disso. Foi a determinação não violenta das pessoas.

Em que momento você acha que o mundo se desviou de sua rota e perdeu sua base democrática?

O momento mais grave se situa nos atentados de 11 de setembro de 2001. A queda das torres de Manhattan desencadeou uma reação do presidente estadunidense George W. Bush extremamente prejudicial: a guerra no Afeganistão, por exemplo, foi um episódio no qual se cometeu horrores espantosos. As conseqüências para a economia mundial foram igualmente muito duras. Foram gastas somas consideráveis em armas e na guerra em vez de colocá-las à disposição do progresso econômico e social.

Você marca com muita profundidade um dos problemas que permanecem abertos como uma ferida na consciência do mundo: o conflito israelense-palestino.

Este conflito dura há 60 anos e ainda não se encontrou a maneira de reconciliar estes dois povos. Quando se vai à Palestina voltamos traumatizados pela forma como os israelenses maltratam seus vizinhos. A Palestina tem direito a um Estado. Mas também tem que reconhecer que, ano após ano, presenciamos como aumenta o grupo de países que estão contra o governo israelense, por sua incapacidade de encontrar uma solução. Pudemos constatar isso com a quantidade de países que apoiaram o presidente palestino Mahmud Abbas, quando pediu, diante das Nações Unidas, que a Palestina seja reconhecida como um Estado de pleno direito no seio da ONU.

Seu livro, suas entrevistas e mesmo este diálogo demonstram que, apesar do desastre, você não perdeu a esperança na aventura humana.

Não, pelo contrário. Acho que diante das gravíssimas crises que atravessamos, de repente o ser humano acorda. Isso aconteceu muitas vezes ao longo dos séculos e desejo que volte a ocorrer agora.

 “Indignação” é hoje uma palavra-chave. Quando você escreveu o livro, foi essa palavra a que o guiou?

A palavra indignação surgiu como uma definição do que se pode esperar das pessoas quando abrem os olhos e vêem o inaceitável. Pode-se adormecer um ser humano, mas não matá-lo. Em nós há uma capacidade de generosidade, de ação positiva e construtiva que pode despertar quando assistimos a violação dos valores. A palavra “dignidade” figura dentro da palavra “indignidade”. A dignidade humana desperta quando é encurralada. O liberalismo bem que tentou anestesiar essas duas capacidades humanas – a dignidade e a indignação-, mas não conseguiu.

Tradução: Libório Júnior


Desafios e avanços para 2012 apos a 2° Conferencia de Municipal de Juventude.



No dia 20 agosto de 2011, jovens de todos os cantos da cidade de Suzano/SP, estiveram no IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo com a realização da 2ª Conferência Municipal de Juventude. Em meio a tantos espaços de participação social que foi manifestado neste dia, a Conferência de Juventude marcou um novo ciclo das políticas públicas destinadas aos jovens Suzanenses.

Com o significativo lema “Conquistar Direitos, Desenvolver o Brasil”, nosso encontro reuniu aproximadamente 400 jovens , onde foram realizadas mais de 4 pré conferencias regionais garantindo assim a descentralização. O dialogo tambem foi feito pelas redes socias como blog, twiteer, Facebook e outras. Contamos com a presença de 2 alunos da faculdade de medicina de Cuba, ampliando o diálogo entre sociedade civil e governo, qualidade no direito a saude, foi uma grande cooperação internacional nas políticas públicas de juventude.

A marca da diversidade da juventude estava presente nesta Conferência municipal. Foram representativas as manifestações da juventude negra, das jovens mulheres, da juventude rural, dos grupos culturais, do movimento estudantil, dos jovens LGBT, das juventudes religiosas, das juventudes partidárias, dos gestores municipais e de tantos outros protagonistas que fizeram com que a 2ª Conferência municipal de Juventude mobilizasse mais de 400 jovens em todo o municipio. Estivemos presente na etapa Nacional com 4 delegados da cidade de Suzano.

A primeira Conferência municipal que rolou em 2008, foi responsável pela importante mobilização do governo e movimentos juvenis em torno das bandeiras da juventude em nossa cidade, ampliando seu reconhecimento e legitimidade. Neste segundo encontro, a juventude levantou novamente suas causas, mas tratou também de debater os rumos do desenvolvimento municipal, estadual e nacional a partir do olhar da maior geração de jovens da nossa historia. Mais do que novas políticas públicas, o documento base e as propostas do texto “Para desenvolver o Brasil” apontam essa sintonia do debate da juventude com um projeto mais justo e democrático.

Ao inaugurar a Política publica de Juventude em nosso municipio, o Governo do Prefeito Marcelo trouxe para seus primeiros programas a marca da inclusão social que permeou todo o seu governo, como exemplos o Projovem, CRAS, CAPS, centros culturais desentralizados, infra estrutura nos bairros, saneamento basico, a inversão de prioridades. Para aprofundar estas conquistas e enfrentar o ciclo de reprodução da disingualdade em nossa cidade, que atinge de forma aguda parcela importante da juventude Suzanense, somos todos chamados a nos engajar no compromisso ético e político que o prefeito Marcelo assumiu por uma cidade de Suzano que vai crescer, inovar, viver bem, nos próximos anos.

Não são poucos os desafios. Neste momento, a juventude também se articula para conquistar e garantir os seus direitos específicos, como espaços de dialogo permanente, que está em tramitação no Governo, deve ser concebido como uma forte declaração dos direitos dos jovens Suzanenses. Sua aprovação fortalece o marco legal das PPJs Municipal, que também deverá articular um Plano Municipal de Juventude e na criação do Conselho Municipal de Juventude outras importantes medidas de institucionalização do compromisso do Governo com os jovens do Municipio.

A transição do ProJovem Urbano para secretaria de Educação Municipal, que num primeiro momento despertou dúvidas e inquietações, tem recebido uma atenção responsável e articulada por parte do Governo e Secretaria de educação , que fortalece o seu desenho educacional e amplia sua escala, base territorial e os instrumentos de participação e controle social.

Iniciativas como a do Orçamento Participativo da Juventude, criado pelo prefeito Marcelo em 2008 em resposta a 1° conferencia de juventude, voltada para debater medidas de investimento do orçamento publico para juventude de suzano faixa etaria especifica da sociedade, marcha pelo primeiro emprego, quadra de esporte e academias ao ar livre, caminham neste mesmo sentido de responder às demandas das Conferências e movimentos de juventude, ampliando os instrumentos de controle social e unificando os esforços no combate ao preconceito geracional.

Responder aos grandes desafios apontados por esta 2ª Conferencia Municipal de Juventude demandará novas e mais ousadas iniciativas que tenham como foco a promoção da autonomia e emancipação da juventude. Uma nova geração de políticas públicas deve continuar articulando a inclusão produtiva, a elevação da escolaridade e a ampliação dos serviços e equipamentos públicos para a juventude com a garantia de direitos universais e específicos desta população, como o direito à autonomia, à experimentação, à diversidade, à participação e ao território.

Para tanto, precisaremos aprofundar os canais de interlocução com a juventude, que cada vez mais exibe novas redes e formas de participação. As conferências, as redes sociais e o fortalecimento do diálogo com os gestores, a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), o conselho e coordenadoria estadual de juventude e os demais movimentos juvenis seguirão fundamentais no fortalecimento da Política Municipal de Juventude de uma gestão que tem a Participação como um método de governo.

O ano de 2011 foi de muitas conquistas. Chegamos ao final deste novo ano com um balanço positivo a respeito do avanço e do processo de consolidação das políticas públicas de juventude em Suzano principalmente com ampliação do IFSP - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, permitindo que mais jovens tenham a qualificação profissional necessaria para ingressar no mercado de trabalho. Avançamos mais um importante e grande salto este ano, a faculdade Piaget, com o inicio das aulas com bolsas para estudantes da cidade de Suzano. Na area da cultura tivemos avanços estrondosos que nos pernitiu, enquanto cidade, ser conhecido em São Paulo como a cidade da cultura, o resgate da historia da cidade do patrimonio publico, incentivo a classe artistica local, festivais tradicionais e contemporanios, a volta do carnaval, pontos de cultara afirmam um pouco esse estrondoso creciemento na cultura da cidade.

Por outro lado, esta avaliação também está repleta de novas responsabilidades. 2012 começa com uma perspectiva ainda mais desafiadora. Teremos muito trabalho, mas após esta 2ª Conferência Municipal de Juventude que chegou a sua etapa maxima e Conferencia nacional realizada entre os dias 9 a 12 de dezembro 2011 , temos ainda mais certeza de que contamos com a juventude suzanense, brasileira no caminho por justiça, sem miséria e com desenvolvimento sustentável e solidário garantindo assim que possamos do nosso futuro crescer, inovar e viver bem.



Kleiton Ramos, Coordenador de juventude da Militancia Socialista PT/SP. Secretario de relaçoes institucionais de Juventude do PT de Suzano. Membro da executiva estadual JPT. Assesor de Coordenção da secretaria Municipal Participação e Desentralização.