quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Carnaval

O Carnaval hoje em dia é conhecido por ser uma festa apenas de promiscuidade mas as coisas nem sempre foram assim. Se você entrevistar uma pessoa de 50 ou 60 anos ela vai lhe contar como se ia no carnaval antigamente, a família ia celebrar a alegria, externar a alegria. O carnaval era uma festa profundamente religiosa, familiar e comunitária. Com o passar do tempo, foram se infiltrando pessoas que não tinham família, que não comungavam desse desejo de celebrar a alegria em família. E na Itália iniciou-se um processo de mascaramento do carnaval. Para que as pessoas se divertissem à vontade sem que fossem descobertos, começaram a usar máscaras.

O que aconteceu com os grandes focos do carnaval no Brasil? Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife? Pouco a pouco acabou assumindo falsos valores. Não era mais uma festa de família, não era mais uma festa de brincantes, mas sim uma festa com o objetivo claro de levar as pessoas à alienação de si mesmo pelas drogas, alienação do valor do seu corpo pela prostituição, alienação da sua vontade pelo alcoolismo, pela bebida. Então aquilo que era uma festa para a família brincar, ela não pode mais participar.

Por um lado as escolas de samba mostrando a nudez como se fosse o maior valor e isso patrocinado por um grande canal de televisão, e vende isso para o mundo inteiro. O Brasil é conhecido como o país do carnaval e do futebol;e daí que nós precisamos recuperar o grande sentido comunitário que se manifesta no carnaval e no futebol, que o Brasil é um país de gente que aprendeu a ser família, a ser irmão.

Precisamos de propostas que levem as pessoas a experimentarem a alegria. Não adianta de nada dizer para a pessoa não ir lá, porque se a pessoa vai e experimenta a alegria e a alegria é sensível, Santo Tomás de Aquino aqui precisa ser lembrado, ele dizia que tudo aqui que chega na razão humana passa pelos sentimentos. A alegria que a pessoa sente lá é uma alegria real. Aquela música, aquela batucada, a beleza, o conjunto da obra, leva as pessoas a viverem uma alegria. Agora, eu só vou convencer as pessoas de que existe uma alegria maior, levando-as a experimentar a verdadeira alegria. Eu só vou conseguir mostrar para as pessoas que existe uma música que me eleva além de me alegrar, à medida que as pessoas cantando nossas músicas, dançando nossas canções experimentem uma alegria que não é regada com bebida e com droga. É com valores com algo objetivo, retomando Santo Tomás, passando pelos sentimentos, pelas emoções que nós vamos atingir os corações das pessoas

O que mais se fala nos desfiles das escolas de samba é a palavra comunidade. “A comunidade da vila tal”, “a comunidade de não sem da onde”. Por quê? Porque ali tem todo um esforço comunitário; é preciso renunciar muita coisa para estar lá, gente que passa lá dia e noite, trabalhando e gastando; gente que paga caro para desfilar porque aquilo é fruto de expressão comunitária, a comunidade está ali, mas mal usada. É mesma coisa que uma faca: Você tem uma faca em casa para cortar legumes, frutas, descascar alguma coisa para cozinhar, mas esta mesma faca pode matar alguém. È mais ou menos o que acontece com a cultura.

Por isso é nosso dever não deixar o Carnaval continuar virando aquilo que acabou se transformando nos dias de hoje , uma festa comercial onde o maior objetivo é apenas a diversão. É nosso dever como brasileiros conservar este espírito de união e preservar o samba, que já faz parte de nossa cultura.O Carnaval é um dos símbolos de nosso país. Mas alegria não é sinônimo apenas de prazer.

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